terça-feira, 21 de agosto de 2012

Fones de ouvido para todos.

Tomado por decisões, resolvo escrever, com o unico compromisso de escrever como quem anda ou corre, para ativar a circulação e para ouvir música enquanto isso. Fiz muitas experiencias com fones de ouvido. Sempre gostei deles, desde um primitivo Red Devil da Koss, o primeiro fone para ouvir rock alto lá nos setenta e tantos. Graves pesados, profundos e comoventes. Com eles, amarrado por um fio ao amplificador, ouvi o creme e a nata do que se fez de bom. Era tudo vinil importado, classe, com capas lindas e cheias de informação e subtexto. Nesses fones tive orgasmos ouvindo Gavin Bryars, Manassas, Pink Floyd, Can, Van Der Graaf Generator, King Crimson, e Steve Reich, Morton Subotnik, Som Imaginario, O Fino da Bossa, Elis, Tim, Raul, Mutantes e depois Moto Perpétuo, Novos Baianos e Som Nosso.
Entrar dentro da míx, enxergar a perspectiva, descortinar o campo sonoro, essas coisas de gourmet musical são perfeitas para serem apreciadas num fone de ouvido. Em minha encarnação de produtor de estudio sempre procurei conferir a mix num fone, mesmo que estivesse mixando para o radio da kombi... o meio de expressão do pop. Ai vieram os players portateis, o walkman de K7 e passamos a usar uns fonezinhos Sony bem ruins, que caiam da orelha e não se pareciam com os possantes Senheisers, de alta fidelidade que se usava para colocar voz no estudio. Mas era bacana ouvir música andando, pela primeira vez livre. Há uns dez anos vieram os fones para enfiar dentro do ouvido, especiais para serem monitores de cantores ao vivo, com pequenos radios, sem fio, próprios para cantar com mobilidade. Achei nojento. Parecia aparelho de surdo, com todo o respeito. Custavam caro e se fazia um molde do canal do ouvido, era personalizado. Só cantor de sucesso mesmo para bancar um capricho desses.

Na sequencia estavamos ouvindo iPods e logo vieram telefones com músicas. Todo mundo aderiu ao fone da Apple e eu achei fraco, igual aos da Sony, muito parecidos, só que brancos, grande coisa. Um dia comprei um Koss The Plug, para enfiar no ouvido, com uma borrachinha flexivel que se acomodava ao contorno do buraco do ouvido. Recompensa imediata, graves, precisão, suavidade, fidelidade e volume, tudo que quero na dose certa. Gastei uns dois pares, ouvindo direto do telefone meus mp3 e flacs caprichados. Decobri sites discutindo os fones como se discutiam as caixas acusticas, com analises altamente inflamadas e usando termos como madeiras acetinadas e subharmonicos ósseos. Fiquei impressionado e comprei um par de Zaggs, considerados a melhor ferramenta para a audição móvel, com um incrivel botão para comando de avanço das faixas, copiado do iPhone, bem como o microfone embutido no cabo, para falar no telefone. Porrada! Mais silencio! Encaixava por tras, sem fios na frente, e melhor de tudo, um cabo que não se embaraçava. Caminhei centenas de kilometros com estes fones, guardados no bolso do jeans, sempre disponiveis. Relembrando, os Koss custaram uns 80 reais na Teodoro Sampaio, os Zagg vieram pelo correio por uns cento e poucos. Excelente custo e beneficio.



Mes passado fui parar na Alemanha e embaixo de um viaduto tinha uma lojinha com nomes de marcas famosas de alta fidelidade escritos no vidro: Marantz - Grado - Pioneer - Bowers & Wilkins. Entrei, movido pelo impulso de visitar como a um museu, para ver obras para apreciação. Mãos para trás, dei bom dia e fiquei olhando para um par de caixas Caracol, fascinado, hipnotizado. Num ingles teutonico, o dono me perguntou se queria ouvi-las. Não, eu disse, prefiro imagina-las em minha sala. Apenas um sonho. Ele riu, abriu um armario, sacou uma caixinha preta e disse: porque não experimenta estas, cabem no seu bolso. Bem visivel, o mesmo logotipo das Nautilus Caracol. Ja imaginei o que tinha lá dentro, um par de fones com o mesmo pedigree. Por mais ou menos 400 reais comprei o par de B & W C5 que adorna minhas orelhas agora.




 Quando cheguei em casa fiz todas as comparações possiveis e não tem erro, é musical até o talo. Tem um encaixe diferente, que se acostuma logo e que não deixa o fone se mexer, mesmo. Tudo de bom da evolução foi incorporado, o cabo que não embaraça, o botão de controle das faixas, que agora adianta, volta e repete musicas, alem de atender o telefone. E uma qualidade absurda que esta recuperando o interesse em ouvir músicas e aprecia-las como a um churrasco com faca boa e louça bonita.

E voce, qual a sua experiencia com fones de ouvido? Incomodam? Tem qualidades? Voce ouve muito alto?