Chris Anderson e o post copyright
Música numa economia de abundancia, que ele sintetiza assim:"dê a música e venda o show".
Estamos tentando perceber o que de fato acontece, mas ainda é cedo para transformar a realidade, ainda são "intuições", todo mundo tem seu palpite, uns racionalizando, outros angustiados.
Conversando com Mauricio Tagliari, na saida de uma reunião da ABMI, não conseguimos ter uma visão simples em comum. Ele pensa como músico, quer que jamais se abra mão do valor que tem o estudo, a carreira musical, o investimento que se faz para chegar numa obra. Não posso discordar, mas quem determina este valor, que critério? Como não cair nas malhas dos monopolistas de plantão, que querem pagar centavos pela autoria de um ringtone que é vendido por centenas de vezes mais? Como evitar que conversas como Creative Commons, economia do tecnobrega do Pará ou discursos sobre arte livre não criem exatamente a noção de "ausencia de valor", que é mais facil, mais romantica que uma conversa não muito intuitiva sobre o valor das coisas que "não custam nada", esta maldição do faraó que cai sobre tudo que é internet.
Eu me entusiasmo pelo avanço da discussão, é possivel pensar em reformar, dar um upgrade, uma levantada no conjunto de normas, práticas que foram juntadas a demandas da ABPD , leia-se o grande mercado da música e se transformaram nas leis que ai temos. E ficamos enredados, sem poder se mexer a não ser em terreno minado, defendido pela lei. Quer um exemplo, nos anos 70 ainda havia um recurso muito interessante, fruto de decadas de dores de cabeça, que era colocar-se as letras "DR" no rótulo do disco numa música que não tinha sido possivel conseguir a autorização. Direitos Reservados, se aparecer o dono eu pago. Hoje é crime fazer isto, nem pensar.
A reunião da ABMI tem todo um cenario de desespero e desamparo perante a falta de lógica que as pessoas que querem trabalhar a música encontram, é de arrepiar. Dificuldades para conseguir dialogar com os editores, donos das autorias, que pretendem receber dos que se apresentam para pedir autorizações, mas não pretendem facilitar em nada a burocracia ou a administração dos milhares de microtransações que acontecem num mercado de varejo, de poucas vendas grandes, no atacado.
É preciso pensar em reestruturar, como uma empresa que precisa se refazer para sobreviver.
Estamos no ramo de oferecer música aos que querem ouvir música, intermediar, facilitar, orientar, escolher, recomendar, apontar, divulgar, levar e trazer, este é o percurso do mercado. Há lugar para todos os intermediadores, facilitadores etc etc etc
Mas não é mais como já foi - mas a as leis são daquele tempo do mercado organizado por meia duzia de empresas, com acesso administrado à midia de massa e aos meios de produção - estudios, fábricas e as estrelas. Já era - estamos precisando reestruturar, mandar embora os funcionarios que perderam a função, despedir os que não se adaptam, reinvestir tempo e dinheiro em outras coisas que farão o trabalho anterior de outra forma, mais moderna, mais ao gosto do mercado, mais eficientes.
Uma empresa de onibus que investe em aviação, e dá certo. É mais ou menos por ai.
Mas como explicar para meus colegas do CD que é necessario discutir onde estão os valores hoje? Eu não sei, mas é preciso indagar e soltar rojões se alguem diz alguma coisa *diferente*. Porque sabemos que será *diferente*, terá de ser, assim caminha tudo. Terá pirataria no mundo? Ou terá deixado de ser pirataria? A tecnologia facilita a entrega do conteudo, porque não facilita a administração do conteudo? Porque os provedores de internet não são convocados para conversar? Porque não tem ninguem ainda falando disto de forma que eu e voce consigamos ouvir? E viva a era post-copyright, mesmo que seja só para comemorar mais um meme.
Música numa economia de abundancia, que ele sintetiza assim:"dê a música e venda o show".
Estamos tentando perceber o que de fato acontece, mas ainda é cedo para transformar a realidade, ainda são "intuições", todo mundo tem seu palpite, uns racionalizando, outros angustiados.
Conversando com Mauricio Tagliari, na saida de uma reunião da ABMI, não conseguimos ter uma visão simples em comum. Ele pensa como músico, quer que jamais se abra mão do valor que tem o estudo, a carreira musical, o investimento que se faz para chegar numa obra. Não posso discordar, mas quem determina este valor, que critério? Como não cair nas malhas dos monopolistas de plantão, que querem pagar centavos pela autoria de um ringtone que é vendido por centenas de vezes mais? Como evitar que conversas como Creative Commons, economia do tecnobrega do Pará ou discursos sobre arte livre não criem exatamente a noção de "ausencia de valor", que é mais facil, mais romantica que uma conversa não muito intuitiva sobre o valor das coisas que "não custam nada", esta maldição do faraó que cai sobre tudo que é internet.
Eu me entusiasmo pelo avanço da discussão, é possivel pensar em reformar, dar um upgrade, uma levantada no conjunto de normas, práticas que foram juntadas a demandas da ABPD , leia-se o grande mercado da música e se transformaram nas leis que ai temos. E ficamos enredados, sem poder se mexer a não ser em terreno minado, defendido pela lei. Quer um exemplo, nos anos 70 ainda havia um recurso muito interessante, fruto de decadas de dores de cabeça, que era colocar-se as letras "DR" no rótulo do disco numa música que não tinha sido possivel conseguir a autorização. Direitos Reservados, se aparecer o dono eu pago. Hoje é crime fazer isto, nem pensar.
A reunião da ABMI tem todo um cenario de desespero e desamparo perante a falta de lógica que as pessoas que querem trabalhar a música encontram, é de arrepiar. Dificuldades para conseguir dialogar com os editores, donos das autorias, que pretendem receber dos que se apresentam para pedir autorizações, mas não pretendem facilitar em nada a burocracia ou a administração dos milhares de microtransações que acontecem num mercado de varejo, de poucas vendas grandes, no atacado.
É preciso pensar em reestruturar, como uma empresa que precisa se refazer para sobreviver.
Estamos no ramo de oferecer música aos que querem ouvir música, intermediar, facilitar, orientar, escolher, recomendar, apontar, divulgar, levar e trazer, este é o percurso do mercado. Há lugar para todos os intermediadores, facilitadores etc etc etc
Mas não é mais como já foi - mas a as leis são daquele tempo do mercado organizado por meia duzia de empresas, com acesso administrado à midia de massa e aos meios de produção - estudios, fábricas e as estrelas. Já era - estamos precisando reestruturar, mandar embora os funcionarios que perderam a função, despedir os que não se adaptam, reinvestir tempo e dinheiro em outras coisas que farão o trabalho anterior de outra forma, mais moderna, mais ao gosto do mercado, mais eficientes.
Uma empresa de onibus que investe em aviação, e dá certo. É mais ou menos por ai.
Mas como explicar para meus colegas do CD que é necessario discutir onde estão os valores hoje? Eu não sei, mas é preciso indagar e soltar rojões se alguem diz alguma coisa *diferente*. Porque sabemos que será *diferente*, terá de ser, assim caminha tudo. Terá pirataria no mundo? Ou terá deixado de ser pirataria? A tecnologia facilita a entrega do conteudo, porque não facilita a administração do conteudo? Porque os provedores de internet não são convocados para conversar? Porque não tem ninguem ainda falando disto de forma que eu e voce consigamos ouvir? E viva a era post-copyright, mesmo que seja só para comemorar mais um meme.