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Caros,
Em meados de 2007 eu escrevi um despretenscioso textículo com o título "O natal de 2007 - A fronteira final" e me surpreendi com a sua repercussão.
O ACM "do bem" , Antonio Carlos Miguel, publicou-o no seu blog no Globo Online e uma série de outros blogs fizeram referência a ele.
Não era preciso ser nenhuma "Mãe Diná" para prever que o Natal de 2007 seria o canto do cisne da indústria musical como costumávamos conhecer.
É reconfortante verificar que o meu problema dos últimos anos - como sobreviver de música sem vender discos - finalmente ocupa a mente dos que dirigem as grandes corporações da indústria.
No exterior este começo de 2008 tem sido marcado por ações descordenadas das grandes gravadoras numa verdadeira revoada de baratas tontas.
Uma avalanche de novas iniciativas no meio digital - música por assinatura ,celular com música, música com mp3 player, música com propaganda, tentam convencer o ressabiado consumidor de música na internet a fazer negócio com uma indústria que até poucos meses atrás o tinha como inimigo declarado.
Na cirurgia plástica para dar uma cara "user-friendly" aos mercadores de fonogramas, a EMI deu um belo golpe ao contratar o CIO ( Chief-Information Officer) do Google Doug Merril para comandar suas ações digitais . O cara já está milionário, gosta de música e resolveu assumir o risco de mudar do mocinho para o bandido do capitalismo. O futuro dirá se ele vai conseguir fazer alguma coisa de útil, mas suas primeiras declarações foram muito interessantes.
Perguntado sobre como a sua experiência no Google poderia ser útil nesse conturbado cenário da industria musical , ele disse que a principal coisa que ele aprendeu no Google que iria servir nessa situação era "seguir os dados". A tese dele , que faz muito sentido, é que num ambiente de mudanças constantes de hábitos, como o da Internet, não há como precisar o que vai funcionar, todas as iniciativas partem de um mero palpite sobre o comportamento das pessoas, . Portanto é preciso experimentar de tudo e "seguir os dados" fornecidos pelos interação com o público, e ir aperfeiçoando constantemente os serviços oferecidos.
Realmente a capacidade de rapidíssima adaptação as demandas dos usuários é uma característica comum a todos os negócios que dão certo no mundo digital. Essa flexibilidade em função da demanda dos consumidores, foi tudo o que não aconteceu até agora por parte das gravadoras, que tentaram inutilmente adequar o consumidor ao seu modelo de negócio ao invés de se ajustar as expectativas do cliente.
Aproveito a deixa do Mr. Merril para aposentar meus poderes extra-sensoriais de vidência. Minha clarevidência micada me obriga a rever a minha profecia de que os Cds iriam sobreviver com preço baixo, dando meu braço à torcer, admito que provávelmente estavam certos os que previram a pura e simples extinção do disquinho prateado como produto comercial
Portanto reconheço que não tenho a menor idéia, e custo a crer que alguém tenha mais do que uma intuição, sobre qual modelo de comercialização de música digital vai cair no gosto dos consumidores.
Se tudo se encaminha para um desfecho ainda imprevisível lá nas bandas do Norte-maravilha, o que o destino reservará para nós da Brazucolândia? Nessa terra onde os infelizes varejistas de música digital ainda estão amarrados no formato-mico WMA com DRM ,incompatível com IPod, o que se pode esperar do futuro próximo?.
Se aqui a comercialização de música digital anda ,por enquanto, em passos de formiga, o outro vértice da mudança na música ,a mídia, anda no mesmo passo apressado de outros cantos mais "desenvolvidos" ( detesto esse termo).
A proliferação dessa nova e redentora instituição nacional: a "lan-house", permitiu que o tenebroso futuro de uma divisão digital da sociedade ,previsto por colegas futurólogos equivocados , não pasasse de uma ameaça tão fajuta como o "bug" do milênio. Jovens de todas as idades e níveis de renda tem indistintamente acesso a mensagens instantâneas e redes de relacionamento social. Por todo canto se vê gente de todo tipo com headphones no ouvido. A base instalada de banda larga cresce vertiginosamente, a penetração dos celulares é maciça, ou seja, a base instalada de futuros consumidores de música digital já está aí e eles já estão descobrindo música pela Internet todo dia.
Portanto sigo fiel a minha promessa de abandonar a futurologia, quando diviso nos horizontes de 2008 o início do começo de um novo modelo de negócio de música.
Os blogs como principal fonte de formação de opinião musical , os discos por download direto do artista, as redes de relacionamento como instrumento de agrupação de músicos , todas essas coisas estão acontecendo agora, não são mais visões de um futuro possível.
É difícil singrar pelos mares nunca dantes navegados dessa tempestade de informação, por isso escrevo esse email provocação esperando respostas.
Respostas sobre a experiência pessoal de vocês caros amigos no surfe dessa onda... O que dá certo? O que é perda de tempo? Quem faz diferença?
Prometo solenemente editar as respostas e dividir com todos , para que possamos aprender juntos.
um abraço,
Beni Borja
Minhas respostas: O que dá certo? Empatia e simpatia com o público, que definitivamente entra na equação. Seu negócio, artistas, é se comunicar com seu público, seja através de sua pessoa seja através de sua arte, sua música, que então precisa, necessariamente ser simpatica e empatica com o público, ressonante, vibrante. Os antigos hits de radio, que já sabemos irào sobreviver aos séculos, tem esta impressionante capacidade de *comunicar* independente da lingua, do estilo, do genero ou da personalidade do artista, tudo isto transcendeu e ficou só uma obra que fala aos ouvidos. Então, recapitulando, ou voce é um personagem que as pessoas querem para frequentar a vida delas ou voce é medium para uma música poderosa e comunicativa, que até nem precisa necessariamente de "voce" ou ambos, tudo junto. Exemplos? Tim Maia, João Gilberto, Mallu Magalhães, Siba e a Fuloresta, cada um à sua moda.
O que dá errado, o que é perda de tempo? Pode fazer a lista de todas as recomendações que já teve noticia. Tudo pode dar errado, até talento infinito e um charme mortal, não preciso dar exemplos. Mas definitivamente, esqueça o marketing publicado, praticado, estudado, como já tiveram de fazer outras industrias. Vender musicas não é uma questão de marketing para massas, mas de criar reputação pela competencia. Nessa hora o juizo do público é definitivo, a crítica empurra, a midia esclarece e o *espaço* desaparece, a música existe nos ouvidos. O que traz outra questão, onde está a grana? Onde sempre esteve. No bolso do seu público e não ponha freios na imaginação ao bolar esquemas de como ir buscar este dinheiro, mas por favor, esqueça quase tudo o que aprendeu sobre a industria: produção, distribuição, divulgação, enterre fundo, junto com a noticia de que o CD morreu. É, ... tempos interessantes...
Quem faz diferença? Bons parceiros, de todas as areas, produtores, vendedores de show, cenografos, assessores de imprensa, tanto faz, desde que sejam pragmaticos e que tragam soluções para resolver o que faz diferença: como juntar o artista e seu público.
Que bom que o assunto pede sua ação executiva: mexa-se.
Minhas respostas: O que dá certo? Empatia e simpatia com o público, que definitivamente entra na equação. Seu negócio, artistas, é se comunicar com seu público, seja através de sua pessoa seja através de sua arte, sua música, que então precisa, necessariamente ser simpatica e empatica com o público, ressonante, vibrante. Os antigos hits de radio, que já sabemos irào sobreviver aos séculos, tem esta impressionante capacidade de *comunicar* independente da lingua, do estilo, do genero ou da personalidade do artista, tudo isto transcendeu e ficou só uma obra que fala aos ouvidos. Então, recapitulando, ou voce é um personagem que as pessoas querem para frequentar a vida delas ou voce é medium para uma música poderosa e comunicativa, que até nem precisa necessariamente de "voce" ou ambos, tudo junto. Exemplos? Tim Maia, João Gilberto, Mallu Magalhães, Siba e a Fuloresta, cada um à sua moda.
O que dá errado, o que é perda de tempo? Pode fazer a lista de todas as recomendações que já teve noticia. Tudo pode dar errado, até talento infinito e um charme mortal, não preciso dar exemplos. Mas definitivamente, esqueça o marketing publicado, praticado, estudado, como já tiveram de fazer outras industrias. Vender musicas não é uma questão de marketing para massas, mas de criar reputação pela competencia. Nessa hora o juizo do público é definitivo, a crítica empurra, a midia esclarece e o *espaço* desaparece, a música existe nos ouvidos. O que traz outra questão, onde está a grana? Onde sempre esteve. No bolso do seu público e não ponha freios na imaginação ao bolar esquemas de como ir buscar este dinheiro, mas por favor, esqueça quase tudo o que aprendeu sobre a industria: produção, distribuição, divulgação, enterre fundo, junto com a noticia de que o CD morreu. É, ... tempos interessantes...
Quem faz diferença? Bons parceiros, de todas as areas, produtores, vendedores de show, cenografos, assessores de imprensa, tanto faz, desde que sejam pragmaticos e que tragam soluções para resolver o que faz diferença: como juntar o artista e seu público.
Que bom que o assunto pede sua ação executiva: mexa-se.