quarta-feira, 12 de maio de 2010

Uma economia de individuos com força de indústria.

Parece que preciso de um convite se não este blog não se movimenta.

Agora foi KK Mamoni, excelente profissional, fechando os ultimos pontos da Feira Música Brasil 2009 e me encomendando um pequeno texto para o catálogo da Feira, quase pronto.
Saiu no tranco, na noite da véspera do prazo. Como é 100% oficial e formal, tento manter meu idioma próximo do portugues, não invento muita moda, espero que só os colegas vão ler, não é? Esta engomadinho, mas o final ficou reverberando aqui dentro, fazendo um acorde com o que anda sendo escrito nos ultimos dias em blogs e grupos onde se discutem as coisas da música. Vejam se me entendem:


" Para nós que vivemos de Música, todos os que participamos da cadeia produtiva, ir a uma Feira de Música é como ir a um casamento daqueles bons, uma reunião de família onde revemos até os primos em terceiro grau.

Afinal, a natureza do nosso modo de vida é meio nômade, somos itinerantes. A Música está em constante movimento, sempre na estrada ou então em mutação do ambiente de trabalho, uma hora compondo, ensaiando, outra hora no teatro, depois na televisão, na oficina de conserto, na sala de concertos ou passando horas em frente a um computador, preparando mais um projeto, possivelmente no saguão de um aeroporto.

Assim nos encontramos por ai, geralmente muito ocupados e de raspão, trabalhamos alguma horas juntos e nos separamos. Às vezes são anos sem voltar a um mesmo palco, acompanhamos de longe os progressos na carreira, os sucessos e as mancadas, as bandas que se desfazem, as duplas que voltam, discos e repertórios novos, um premio, um instrumento diferente, essas coisas são os assuntos de nossas conversas em transito.

Tem sido sempre este o melhor motivo para voltar às Feiras de Música, fazer delas o motor social que une todos: a classe artística e a classe produtora, os técnicos, os executivos, os que querem ser artistas e os que foram artistas e agora são gestores, enfim é um momento de polinização e cruza. Rever os velhos camaradas de todas as instancias desta vida profissional, conhecer e se fazer conhecido, apertar as mãos de rivais, conviver um pouco como clã, como tribo, como família. Num mundo em que competimos por tudo, aqui na Feira de Música dividimos calorosos a mesa apertada ou um convite para a festa na sequencia. É na Feira de Música, em todas elas, que percebemos que pertencemos. Temos um nexo.

Claro que os trabalhos são produtivos e todos os momentos possíveis são eficientemente administrados, até os os intervalos do café são instantes valorizados, servem para passar a limpo a agenda de contatos e marcar reuniões, levantar novas possibilidades na carreira. Para quem lida com Música, conversa é trabalho, diversão e arte. Na FMB2009, para mim e para muitos, a descoberta artística foi notável, pelo ímpeto da feira em apresentar um elenco enorme, desafiado a mostrar seu talento para um grande público que ia conhecendo os artistas um depois do outro. Para os músicos e artistas que passaram pelo palcão no Marco Zero, funcionou como uma certificação, uma prova de madureza, de qualidade da entrega, mostrando altos valores de produção.

Nos stands, base e ponto de encontro, idéias circulam, os discos de vinil eram novidade, instituições se apresentam. A Música tecendo sua teia com outros parceiros, apertando os nós, garantindo a qualidade e propagando o ideal. Desta forma, aproximando e nos mantendo juntos e misturados, é que se fortalece uma economia criada por indivíduos e que tem força de industria."

Pena Schmidt
Superintendente
Auditório Ibirapuera, São Paulo.