sexta-feira, 7 de novembro de 2008

O que será importante para um futuro feliz no Brasil?

Sarau de Futuro, ou Wikinique

FIB + B – estamos numa fase de intensa discussão sobre FIB: Felicidade Interna Bruta (e não PIB...). Um conceito super interessante, e que me suscitou uma pergunta: será que os nossos indicadores são os mesmos do Butão? Será que o fato de mistura, movimento, toque, celebração, exuberância serem tão marcantes neste Pá Tropí implica em outros indicadores?

Ou seja: proponho que a gente pense que coisas são de fato importantes na nossa vida e poderiam constituir nossos indicadores de felicidade. (Lala Deheinzelin)

Ooo Lála, só voce para provocar assim.

Travei aqui na hora que li.

O que de fato é importante ... no Brasil? Para um futuro feliz ...no Brasil.

Como eu não vou wikinicar ai, fico pensando:


O tempo de ócio, o bom humor, o gosto pela água, o respeito religioso das forças naturais, a mata, o mar, o trovão, a celebração na lua cheia, na noite.

Gregarizar, na rua, no elevador, (quando qualquer acidente nos desperta da paralisia), basta só ficar perto enquanto se conversa, cabemos todos dentro de uma oca, não é?

Essas coisas...


Somos indios!...?


Reza a lenda que vagueamos uns dez mil anos a pé, do miolo do mundo no meio da Eurasia até aqui neste final de mundo, a pé, enfrentando e fugindo do gelo glacial. Daqui não há mais onde seguir, só ficar, ali no sertão ou aqui no litoral, era acolhedor e temperado.

Depois que chegamos aqui já se passaram outros dez mil anos, tempo necessario para criar estas coisas realmente importantes no Brasil, esta maneira de conviver que pertence ao lugar.

Os sábios portugueses e negros entenderam que os filhotes nascidos dos cruzamentos com os nativos eram coisa boa, seres adaptaveis, seriam tão portugueses ou negros quanto fosse preciso, mas entre si se entendiam e conviviam sem se estranhar, vindos de negros ou portugueses. Trabalhando se necessario, mas precisando da rede, do banho, da risada, da cantoria, e assim foram se misturando e recebendo mouros, judeus, asiaticos, nobres filhos de castas puras há mil anos, tres mil anos, cinco mil anos. Benvindos. Seremos nobres, asiaticos, judeus e mouros, e nossos filhos serão indios, herdarão os dez mil anos imediatamente.


Que futuro melhor posso precisar?


Que venha a tecnologia e um tsunami economico e o imprevisivel mais afastado e longinquo, deixa vir. Um presidente do mundo negro, a falencia da moeda, um confronto final ou a união de todos os povos numa mesma bandeira. Tanto faz, que venham. Já perdemos todo o nosso dinheiro duma vez, juntos, na mesma hora. Já tivemos o horror politico e temos uma guerra civil. Pulamos de um presidente PHD para um sindicalista, de inflação para moeda segura, de Getúlio para Juscelino, e não perdemos o passo no Carnaval, a piada com todos eles, o banho diario.


Pensemos então, como será um futuro indio?


Podemos fazer as pazes com eles, os indios que não se misturaram, brigados ficamos ao impor as novidades desnecessarias, estes costumes provincianos, medievais, vindos de terras de inverno forte e escassez. Pudores, vicios, avareza e materialismo, por exemplo. Podiamos entende-los, os indios que sobraram, e dar a eles o respeito devido.

Podiamos ser felizes ao abolirmos o terno como necessario para a dignidade do homem. Não é. Podiamos criar uma cultura obssessiva, fanática em relação ao meio ambiente, pelas aguas, pelas matas, pelas aves, seriamos completos em nossa harmonia com a natureza. Devemos proteger o humor, o direito á troça, o riso das mazelas e da vaidade, sem limites. Rir é um direito sagrado, custe o que custar. Nosso futuro indio será melhor assim.


A justiça, o estado, a lei e a ordem são relativas. Quer algo mais brasileiro que isto? Sabemos no fundo de nosso DNA. Quem manda mesmo é a onça, a enchente, a borduna do inimigo, a falta de comida, essas coisas inexoraveis e quotidianas, naturais desde sempre, o verdadeiro governo, a verdadeira justiça que não existe, a demanda levada até o fim, como uma arvore que recebe o raio.

Assim, sabemos dar a estas cousas alheias a proporção que devem ter, pequenos cerimoniais que no fundo nos irritam pela sua ineficacia, a justiça, o dinheiro, o poder. Ninguem manda no por do sol, na nuvem que se desfaz ou no vento que para. E são eles que nos conduzem, de verdade, como irmãos nascidos da mesma terra. É o carinho que nos defende, são o canto e a dança que nos organizam.


Vivemos em paz e por isso progredimos. Somos pacificos e por isso temos o tempo do nosso lado, porque vencemos sobre a morte desnecessaria, aqui é o paraiso, terra da banana e do peixe, do amor á vida limpa e aberta. Reaprendemos sempre a dividir sem se desfazer, pois fizemos juntos. Não queremos a miseria, a falta de conforto, a vida dificil, para ninguem.

Portanto, um futuro indio será inexoravel. Pacificos mas com tutano nos ossos, prontos para a disputa quando chegar a hora da flecha com veneno, verdadeiro esporte, pela honra e não por despojos.Depois, jogaremos futebol, faremos festas entre familias sem sangue, mesmo que seja na cidade mais concreta e cruel.

A cada canal que nos oferece a tecnologia enchemos com o diálogo caudaloso e infindavel, como os papagaios e bugios na mata, roncando, falando e rindo sem parar, rindo muito. Entre nós, sendo nós mesmos, no orkut, no email, no celular, no que vier. Tudo isso passa, é acessório. Quanta coisa não vimos nesse tempo todo, e continuamos acordando prontos a inventar a nossa próxima caçada, a próxima comida, a próxima correria.


Medimos nossa felicidade brasileira assim:


Horas de ócio semanais praticadas, em vez de horas trabalhadas

Energia gerada, em joules em cada festa, balada, carnaval ou boi pelo movimento das pessoas, diretamente proporcional `a animação, à duração, ao tamanho da multidão, modelos numéricos a desenvolver.

Riso/ Discurso = numero que idealmente deve se aproximar de 1, que define a razão entre a seriedade do discurso e o riso, devem ter tempos iguais no tempo que dura o discurso total.

E finalmente

BpA, ou Banhos por Ano, talvez o índice mais preciso do FIB2


baccios

PS

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

André Midani, vou ler seu livro agora!

Oi Pena,
Tudo bem?
Estou fazendo um freela para a revista RG Vogue e preciso de uma ajuda sua.
A próxima edição terá uma matéria sobre o André Midani e fiquei responsável por juntar declarações de gente bacana que o conhece, como vc. Meu deadline é até amanhã, ao meio-dia.
Eu preciso saber como vcs se conheceram e se tem alguma história engraçada que vc se lembre.
São só esses dois tópicos.( Maíra Goldschmidt)

André já era uma lenda nos tempos do Olimpo.

Eu sabia que ele estivera presente no momento Bossa Nova e na transformação da Philips/Phonogram em gravadora com o dream team dos melhores artistas. Calou fundo em mim o Chico Buarque na Phono 73, era pra ser uma festa de sua gravadora, cantando – Pai, afasta de mim este cálice – e a censura fechando o microfone, outro microfone era colocado na frente dele, que cantava de novo o refrão – Pai afasta de mim este cálice – e novamente o microfone era cortado até que havia uma floresta de microfones na frente do Chico e eu pensava comigo que André Midani, o presidente da gravadora, era um cara destemido mesmo.

Anos depois, criei coragem para perguntar se ele queria falar de umas bandas novas de São Paulo. Vamos almoçar no Rodeio, nosso primeiro tete a tete, ele paciente e cooperativo na conversa, delineamos um plano de vir buscar estes novos artistas, com calma, criando expectativa enquanto se lançava uma música depois da outra, um pacote de varios compactos, idealmente todos gravariam seu primeiro compacto com duas músicas e iriamos fazendo uma seleção natural para ver quem gravaria os compactos seguintes, até que chegasse o momento de se fazer os LPs, que deveriam ser consagradores, incluindo as músicas de sucesso dos compactos. André manteve sua palavra e tres anos depois já tinhamos um elenco com sucessos, saindo os primeiros LPs e vendendo bem, artistas que trabalham no ramo até hoje, coisa rara: Ira, Titãs, e Ultraje.

Quer saber, é incrivel a quantidade de artistas que trabalharam com André Midani e tem uma carreira até hoje.

Tenho certeza que não é coincidencia nenhuma.


Foi uma questão de algumas horas. Depois que enviei este breve relato, Marisa Tomazela me apresentou o livro dele. Só folheei e já gostei. Sou um privilegiado por ter tido André como mestre.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Reembaralhando as mesmas cartas.

Pena...qual a vantagem hoje de se ter e de se estar numa pequena gravadora (antes chamada de indie)???( Marcia Tosta Dias)

Pequena ou grande?


As grandes tem lugar para muito poucos, algumas dezenas de artistas no total, portanto nada significativas como escolha ou opção, e no fundo, sairam do ramo, são donas de direitos.


A pequena, que é independente exatamente por não ser do bloco das grandes multinacionais globais é uma Pequena ou Média Empresa, geralmente dirigida pelo dono e alguns sócios, geralmente é um corolario de algum outro negócio – um estudio de gravação, uma produtora, um agente de artistas, uma casa noturna etc. Como todas as PMEs, não tem capital de giro, conta com recursos geralmente compartilhados entre outras atividades – horas no estudio, p.ex. – e quando é uma PME da Música, é movida a entusiasmo, paixão e um otimismo de longo prazo, já que dificilmente as contas fecham em cada produto, disco ou projeto. Alguns acertos justificam a perseverança, o investimento é fruto de lucro em outras atividades e o resultado não se pode chamar de “industrial”, com um fluxo irregular e incerto de produtos e receitas.

Ainda assim, do ponto de vista do artista, é melhor estar associado a um parceiro que divida a carga de trabalho, mesmo que não seja 100% dedicado ou tão profissional quanto deveria.


Em 2008, a discussão talvez seja qual o melhor parceiro que um artista precisa: uma gravadora ou um agente.

O mercado periclitante da música gravada aponta para a perda de importancia da gravadora. O disco, como obra, preserva seu valor como objeto artistico, é representativo como portfolio do artista, é um bom indexador, ajuda o artista a se inserir na produção musical, no meio artistico. O disco não morre tão cedo. Mas como mercadoria, para os novos, para os iniciantes, é apenas um souvenir para ser vendido no fim do show, deveria até ser gratis, como um anuncio ambulante do espetáculo do artista.

Uma gravadora pequena, mesmo que não seja eficiente como vendedora de discos, pode ser competente como produtora, pode trazer qualidade de gravação, um olhar exterior que ajuda o artista a focar no seu melhor talento, pode acrescentar um rol de colaboradores, os artistas graficos, os web designers, a assessoria de imprensa, advogados e outros que somam esforços e profissionalizam o trabalho do artista músico.

Mesmo que seja apenas esta soma de mais uns bem intencionados sem recursos, mas coordenados sob o CNPJ de uma PME, já é um bom negócio por legalizar o artista, que sem gravadora é apenas um artesão, a não ser que se transforme ele mesmo num dono de negócio. E quem quer ter um negócio destes apenas para mostrar a própria obra? Se for um bom negociante, vai cuidar de ser seu próprio agente, que é melhor negócio.

Pequenas gravadoras conseguem abrigar artistas e gerar produtos artisticos, sim.

Mas dificilmente geram receita para o artista. Vale lembrar que isto é uma regra que vem desde sempre. Gravadoras não dão dinheiro para o artista, nunca deram, quando havia mercado, elas ficavam com a maior parte do dinheiro. O artista, quando vendia bem seus discos, tinha a contrapartida da popularidade, que podia gerar reputação, um valor que é próprio do artista. Tudo isto se reflete num espetáculo mais requisitado e portanto mais bem pago, onde, ai sim, o artista ganha seu dinheiro dividindo apenas com seu agente.

Ainda por cima, gravadoras são um assunto que vai se relativizando nesta época de espaços na internet onde o artista publica sua obra gravada em casa, cria seu visual usando ferramentas pessoais, cameras, celulares, PCs e mais ainda se insere em comunidades, projeta seu perfil, exibe sua atitude perante a vida e a arte, cria um discurso tão complexo e envolvente quanto o que era criado pelos magos pop no apogeu das grandes gravadoras, não mais manifestação dos meios de massa, mas um discurso de pé do ouvido, entregue em casa na solidão. Funciona, é eficaz, carreiras estão sendo solidificadas a partir de coletivos que se aglutinam em torno de opiniões comuns sobre o mesmo artista. As páginas de orkut, os blogs, os twitters, as web radios que repercutem e geram impulso, até extravazar na vida real, shows lotados de gente desconhecida, sucessos de internet, cada vez mais comuns.

Entra em cena o agente, é inevitavel. Porque alguem precisa coordenar a logistica, estabelecer preços, cobrar e receber, montar uma agenda, é complicado botar o bloco na rua. Entre uma pequena gravadora e um amigo com jeito para negócios para vender seus shows, o ideal é ter ambos. Porem, com um agente trabalhando, começa mais cedo a procura pelo público, que só existe mesmo na hora de pagar para ver o show, já que a música gravada é gratis e disponivel como água, não é?

Não chega a ser um dilema, mas sem música gravada não há espetáculo? Ambos se complementam, a música gravada hoje desemboca na apresentação ao vivo e não mais na venda de cópias, de discos. A música gravada pela gravadora tem mais chances de virar boas bilheterias do que virar vendas. Localizando melhor a conversa, no Brasil não temos nem a chance da venda de música pela internet, este mercado é insignificante. A loja da Apple, iTunes, que domina 80% do mercado americano de venda pela internet, não tem planos para entrar no Brasil e nem se cogita aqui de outras receitas que poderiam ser auferidas pelas gravadoras pelo tráfego de suas músicas pela internet, como cobrar nos provedores de banda e distribuir via ECAD, tema que é assunto de Estado pelo mundo afora. Resultado? O dinheiro esta nos shows. Mais força para o agente, que um dia poderá ir buscar estes direitos e porcentagens das vendas digitais, que acontecem quase sózinhas, sem precisar de administração e logistica, como no tempo das gravadoras.

Reembaralhando, ficamos assim. Um agente, que cuida da agenda e dos negócios do artista. Uma gravadora, que cada vez mais se parece com um parceiro na elaboração do produto disco, seu portfolio tambem para gerar outras receitas. Um artista balançando entre quem trará dindim ou prestigio. A internet como novo campo onde se desenrola o jogo. O dinheiro onde sempre esteve, no bolso do público. Terceiro sinal, começa o espetáculo.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Terra à vista! P2P legal na Inglaterra até o fim do ano?

Pois o nosso dado analista da fonologia Andrew Orlowski botou uma matéria com manchete e chamada de exclusivo. Creio que o rapaz frequenta o café do senado da industria inglesa, o London Calling e trouxe um resumo bem por dentro do que estava se discutindo por lá, um suposto armisticio, ainda sem assinaturas nem manifestos, mas com uma certa coerencia.

A partir de ameaças de intervenção do governo e no limite para reverter os prejuizos do music biz, os provedores de internet e o pessoal do conteudo definem um plano baseado em oferecer via p2p, música "gratis" incluida no preço do serviço de banda larga. Os provedores definirão preços e terão as informações de qual conteudo trafega. Esta música será livre de amarras, sem DRM nem prazos, para ser disseminada. As informações de tráfego determinarão a distribuição do pagamento a ser feito à música. Um licenciamento global e compulsorio das músicas será necessario e imprescindivel. Todas as assinaturas de banda larga terão de fazer parte do plano. Será música a música, sem torrentes.

Ai começa a região ainda sem definições: quanto será a proporção dos royalties de autores, interpretes e produtores em cada música? O que se fará com o dinheiro das músicas que não foram tratadas para o mercado digital, ainda sem metadata, sem registro nos bancos de dados de identificação. De toda forma, já estarão discutindo em cima de um dinheirinho que deverá pingar firme, se tudo der certo. Os provedores ganham impulso para vender muito mais banda, com certeza.

Como proposta, é um passo concreto na direção de um mercado musical adaptado ao reino digital.

Alo alo amigos, a realidade não será muito diferente por aqui, mas este plano requer mudanças em nossa Constituição, por exemplo, para se conseguir uma licença compulsória, unico jeito de autorizar o fluxo.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Noticias interessantes e frescas.

Alinhando quatro itens destes ultimos dias, sem muita pesquisa, neste meu caderno a céu aberto:

1)A IFPI confessa que o volume de faturamento da industria em 2007, incluindo ai queda de mais 15% no CD e crescimento de 40% do digital, caminha para ficar igual ao faturamento de 1980, 28 anos atrás. Em breve será igual a 1960, e depois 1950...

2)A loja iTunes comemora 5 bilhões de downloads em cinco anos. Simplificando a conversa, a curva de crescimento estabilizou em algo como 1 bilhão de downloads por semestre. Se fossemos converter em CDs, ou LPs, sendo ironicos já que os mercados se aproximam, estamos em cerca de 166 milhões de CDs ou LPs por ano no iTunes, que era o tamanho do mercado americano em meados da decada de 60...Dizem que hoje o iTunes é 3% do faturamento global, nunca houve um vendedor com esta potencia.

3)Eles que se entendam: e agora nos USA querem que o radio pague os interpretes, desde sempre considerados beneficiarios da divulgação, e já chamam o radio de pirata por não querer pagar.

4) Para minha profunda satisfação - eu não disse! - circula hoje no Digital Music News uma nota do Andrew Orlowski que passa bem por analista da industria e deve ser acompanhado de perto também no TheRegister.com. Na nota ele descreve um estudo de uma universidade inglesa sobre o que a molecada realmente quer. Não dá outra, queremos música sem amarras nem bloqueios, que possa ser recomendada, mostrada, distribuida pela familia e amigos, sem limites de quantidade nem de tempo, descrevendo a música da mesma forma que é conseguida nos P2P. Mais ainda, todos pagariam algo suficiente para remunerar os artistas e autores, em uma taxa mensal acessivel e significativa. Somos unanimes em dizer que levariamos a nossa discoteca ou musicoteca, como primeira escolha no teste da ilha deserta, é o nosso bem mais querido. Mas quando se coloca uma noção de valor em jogo, fica muito confuso quanto vale em dinheiro esta coleção, não há um valor monetario sendo associado à musica , claro, cada vez mais desvinculada de produto , fruto da cornucopia.
O melhor da história é que esta conversa esta vindo á luz durante um encontro muito profissional chamado London Calling, - que não faz parte do circuito que os brasileiros frequentam, nem mesmo o nosso ministro Gil. No London Calling deste ano, com presença de muitos figurões da industria e mais uma leva de poderosos dos provedores de internet e das telecoms, está se fazendo uma conferencia rápidamente em função de ameaças formais do governo ingles de interferir na industria fonografica, da música gravada, nas sociedades autorais e nos negócios de distribuição digital, criando uma regulamentação, uma lei poderosa, para eliminar - esta é a palavra - a pirataria como problema. "Somos crianças perante uma lei" dizem eles, indefesos e obrigados a seguir seja qual for o modelo que vier a ser adotado. Duas correntes neste momento disputam o pareo dos palpites. Ou uma regra das "tres pisadas", na terceira voce esta fora da internet, depois de uma advertencia e de uma pequena multa por infringir a lei do não por a mão no que não é seu, não bulir com cópias de músicas, uma lei severa que moralize a suruba. A outra linha é cobrar um pedagio e liberar tudo, como querem os clientes da cornucopia. Em ambas alternativas a industria tem que rebolar muito para acompanhar a dança. O que se procura é ver se sai alguma outra formula de consenso a partir do London Calling. Não estamos prontos, digo eu... O Juliano Polimeno postou a pesquisa original e a sua leitura é , no minimo, estimulante.

5) Como item extra, sai no Globo, só para assinantes, uma nota dizendo que ministro Gil em NYC quer que se aplique o "canone digital" - que raios é esta definição? (é do modelo espanhol??) - uma taxa sobre mp3 e mp4 players, celulares, HDs e demais hardware que carrega música ou conteudo. Talvez o nosso melhor ministro não esteja tão bem assessorado alem da dialética. Caso ele tenha tempo de me ler, não dá mais para ir buscar este "canone" vindo diretamente dos ultimos anos do século passado, onde os dispositivos físicos ainda eram importantes e tinham origem controlada, eram taxaveis. Ministro amigo, na rua Santa Efigenia estes dispositivos são vendidos a 30 reais o Gigabyte, e cabem dois dentro de uma caixa de fósforos, também são frutos da cornucopia digital. Literalmente, falta pouco para serem fundidos e multiplicados no quintal de casa, no Realengo, no Rio Vermelho ou na Moóca, como já o são os CDs e as bolsas Luis Vuiton. Se for isto, ficamos na taxa para o celular e o laptop, para os PCs de marca e para quinquilharia cara das lojas de rede, e como sempre, será incentivo da melhor espécie para os nossos atuais fornecedores a preços decentes e origens nem tanto. Ministro, aproveite a ida e veja se conversa com seus colegas ai, o pessoal do Canadá está botando pra quebrar a louça, aderiram ao modelo tres pisadas, mas com uma certa folga para quem não comercializa, mostrar músicas ou filmes para os amigos não é crime. Os franceses talvez sigam esta linha, os ingleses estão falando grosso e empurrando a industria para o dialogo. Venha com idéias para tocar fogo no circo, a lona está velha, furada sem conserto, com todo o respeito.

sábado, 7 de junho de 2008

"Distribuição" de música? Que tal aleluia?

O pessoal do Guia da Música Brasileira esta produzindo um seminário em SP depois de ter percorrido o Brasil durante um tempo. Me chamaram para falar, propondo um tema, uma pergunta que ouviram por ai. Eu devia gerar uma lauda, para ser incluida no livro resumo do projeto e que servirá para minha fala. Preferi ser apocaliptico e apoplético, já que ser pragmatico me parece perda de tempo no assunto, cada um com seus problemas.


Distribuição e música on-line em Movimento. Como a política pública, as
associações profissionais e os artistas poderão colaborar para encontrar
soluções para a distribuição hoje da produção artística musical e estimular
a utilização das novas tecnologias aplicadas à indústria da música nas
diferentes etapas de sua cadeia de produção?


"Movimentos são necessarios para se caminhar, da colaboração dos
interessados até a eficacia das ações coletivas. A formação da ABMI, a
criação de novas associações, como a ABRAFIM e o inicio de atividades
agregadoras como as feiras e congressos dedicados á música apontam um inicio
do processo. Mas em outras frentes não se concretiza o diálogo, não se
fundem novos corpos. Músicos e seu Forum Nacional, e a Camara Setorial da
Música dentro do MinC, por exemplo, não frutificaram. Não se discute as
causas, mas constata-se o fato de que ainda não temos uma assembleia capaz
de representar todos os setores, ainda não há quorum para ações de mais
fundo e folego, para pensar a Música Nacional, para mudar a Constituição a
favor da Música, dos Músicos, da Industria e da Classe Musical, do Público,
pela Cultura.

Isto pode vir a ser uma necessidade próxima, urgente, quando se fizer
patente a necessidade de uma transformação estrutural da grade de leis e
acordos que regiam satisfatóriamente o setor nas ultimas décadas, mas que
hoje não conseguem conter a anemia, impotente perante o novo mercado, a nova
economia, o ambiente que a tecnologia digital trouxe para o bem e para o
mal.

A cornucópia virtual, dos bens imateriais subitamente sem onus material - na
rede, no celular, na palma da mão - pede uma nova noção de valor para a
Música, mais universal que a venda da cópia, mais livre de atrito que a
cobrança em cada transação, jamais ignorando que há valor em cada fruição,
em cada apreciação do trabalho artistico, mas ao mesmo tempo liberando a
Arte, o conteudo, para trafegar livre como os bits e os elétrons que agora a
carregam. É necessario um novo big bang artistico e autoral, criar uma
arrecadação inicial, um único ponto de cobrança no principio de todos os
processos de expansão e multiplicação, cuidando de todos os direitos e de
forma simples, democratica, permanente.

A distribuição de uma arrrecadação única é tarefa de Hércules, especialmente
no esforço de conter os apetites, mas existe a lógica do valor mensurado
pelo poder de capturar o ouvinte, pelo numero de vezes que circula, pela
demanda. É uma tarefa numérica, e nisso os bits são muito bons.

Estes conceitos, ainda recem formulados, circulam pela rede e vão procurando
seu lugar no mundo real. Continuam existindo as leis de mercado, o arcabouço
fiscal, algumas lojas de discos onde ainda se vendem CDs e as lojas de
internet, com catálogos minguando mas vendendo também LPs e vitrolas USB. No
dia dos namorados os artistas romanticos autografarão discos que eles mesmos
venderão. Mercados de nicho, artesanatos, bijoux e souvenirs. Enquanto isso,
teremos mais de um celular por pessoa, cada celular poderá conter números
absurdos de arquivos e poderá acessar a nuvem de arquivos com todas as
músicas do mundo sem que se precise saber como nem talvez quanto custa, só
para pensar pequeno.

O modelo necessario para uma nova "distribuição" de música não será mais um
simples acordo entre partes comerciais, terá de fazer parte da Constituição,
um contrato social que irá mudar as leis. Se a Música quiser se beneficiar
de uma realidade que inexoravelmente caminha em nossa direção, será preciso
uma reforma abrangente, que envolva todos os setores atuais e os novos
parceiros, os digitais e as telecoms. Será preciso em alguns anos refazer
acordos que levaram décadas para se costurar.

A Música deve se organizar em torno de sua demanda mais básica, a de que
seja reconhecido que há um valor devido á Música cada vez que se cobra para
proporcionar a sua fruição, e que este valor deve ser devolvido á Música.
Este talvez seja o ponto de partida para a colaboração em busca da solução, senão, será
cada um com seus problemas."

Pena Schmidt
Auditório Ibirapuera, jun 2008

Uma lauda sobre os anos oitenta.

O SESC Pompeia me pediu uma lauda sobre os anos oitenta, para incluir no programa de um um espetáculo que acabou de acontecer, A Era Iluminada, com interpretações da época. Ok, eu estava lá, não precisava fazer nenhuma pesquisa, era só escrever. Topei, dizendo que teria de ser um texto escrito num jato, sem edição. Toparam e deu nisso:


"Todo brasileiro sabe que o melhor momento da feijoada é a hora de montar
seu prato, cada um com sua preferencia cuidadosamente calibrada na
composição nutritiva e nas cores. Os anos 80 foram um enorme buffet de
feijoada, entenderam? Cada um escolheu ali o que seria de seu futuro, e
teve de tudo. Inflação, por exemplo, que começou a década com 100% ao ano e
terminou com 14 mil porcento, hiperinflação. Mas também cresciamos como
nação democratica, finalmente votamos pra presidente e escolhemos o Collor.
Engatinhavamos nas recem recuperadas liberdades de expressão. Inútil foi
citada no Congresso como manifestação a favor da democracia. A gente não
sabiamos escolher presidente. Exportamos armas para o Iraque, eramos
orgulhosos fabricantes de Urutus e foguetes Astros. No final, o Suba começava sua injeção de eletronica na música popular brasileira, mas antes disso algumas
bandas paulistas se exercitavam no dialeto eletronico como o Azul 29 e
Agentss. O minimalismo do Steve Reich se propagava pelo universo pop, o The
Police fazia uso das mesma nota repetida do começo ao fim. Menos já era mais. O Ultraje e o
Gil brincavam de reggae, coisa do Liminha, por causa disso eu fui conhecer
a Jamaica e vi que o reggae era verdade, música popular e não coisa de
ingles pop. O Glauber Rocha fez A Idade da Terra antes de morrer e fiquei
com aquela experiencia de falta de roteiro como arte possivel. Os Titãs no
estúdio, gravando Sonifera Ilha, com tecladinhos e uma falta de jeito de
principiante, mas abrindo a janela para uma deslumbrante paisagem sonora,
tropical e aconchegante, me enche de luz. O Brasil se reconheceu ali
naquela mistura de James Bond com Belem do Pará, o futuro maduro. E vinha
uma geração faminta e folgada, querendo ocupar todo o espaço, do Chacrinha
ao Circo Voador, do Radar Tantã ao Rock in Rio. Viamos Marisa Monte no
Aeroanta, onde aconteceu um bom pedaço do desenho deste nosso presente, Bem
Que Se Quis. Nas Ruas, onde eu me sinto bem, o Ira desenvolvia a
sinceridade moderna. As bandas trocavam de membros, sai André Jung entra
Charles Gavin, nas internas, eramos tripulantes da mesma nave, um onibus
mágico rumo ao futuro. O Rio era diferente, mas o Cazuza firmava seu poder,
pensando o seu Brasil que tinha uma cara de jovem corajoso, quase heroi que
dizia que fazia parte do seu show, tudo normal. Nas ruas, o Opala era um
pacificador, podia ser esporte, diplomatico ou taxi. Clara Crocodilo,
lembra, bem no começo de tudo, quase um fato sozinho no inicio dos tempos,
a vanguarda paulistana dizia um discurso, Arrigo Barnabé era ardido e
aspero, mais radical que os os punks do teatro A Pulga, onde o Magazine
nascia depois de ser Verminose durante anos, desde 1980, pós punk. Sou Boy
fazia parte do repertório desde o primeiro momento, autoria de um
verdadeiro ofice boy, vinhamos todos da Continental, gravadora sertaneja
tradicional da Avenida do Estado e onde se gerou este broto de DNA com a
cultura da firma, do emprego urbano, cronica como Noel Rosa e Adoniram
Barbosa, mas com um pé em Elvis Presley, vai saber. Tudo isso se misturava
no prato de cada um, podia ser rock e podia ser musica brasileira. Alguem
preferiu batizar de Rock Br, talvez fosse a torcida maior, e ficou sendo
uma geração de roqueiros que tomaram o poder finalmente. Mas, olhando de
longe, são baladas liricas como todos os boleros, dores de cotovelo
familiares em todos os bregas de norte a sul, canções de arrebol e de tocar
a boiada, parodias e facécias engraçadas, humor e espanto pelo progresso e
pelo metro que acabava de vez com nossa ilha tropical, com nossa praia,
horda de hunos que nos invadimos e De Repente California, uma salada,
cultura, feijoada."

Paulo Coelho é seu melhor personagem. De graça para vender mais, ele sabe.

Matéria no excelente Techdirt - um trocadilho infame com sacanagem e tecnologia, recomendo diariamente - prossegue em abril uma história de janeiro sobre Paulo Coelho e seu inacreditável blog pirata, o Piratecoelho, onde Paulo publica torrentes de seus livros em todas as linguas, com a cumplicidade de seus leitores, que enviam traduções em búlgaro ou então arquivos com a obra completa em cada lingua. Paulo conversa com seus leitores, posa para foto com tapaolho de pirata , dá entrevistas para sites obscuros de torrentes e ainda envolve na aventura, como ele mesmo trata, seu agente e seu editor. Não contente com as cópias caseiras, fruto da digitação ou escaneamento dos fãs, ele apresenta cópias gratuitas cedidas pela Simon &Schuster, seus editores. Conta que preferiu entregar seu ultimo livro para os leitores produzirem um filme coletivo pela internet, em vez de aceitar ofertas de Hollywood para transformar A bruxa de Portobello em sucesso de bilheteria.
Meu amigo Paulo Coelho, com uma biografia saindo agora que promete entregar quase tudo, sempre foi seu melhor personagem, vivendo sua lenda pessoal até onde conseguiu ir, até o limite. Com esta discreta aventura no mundo da pirataria, poderia estar indo um pouco mais longe e informar ao mundo que funciona, dar seu livro de graça aumenta as vendas. Claro, esta é a lógica que não acha seu lugar no bom senso. Quanto mais gente ler Paulo Coelho, mais ele fica famoso e desejado. Quando as pessoas se defrontarem com seu livro numa loja ou numa página de internet, será um Paulo Coelho familiar, sou seu fã. E pronto vende-se mais um.
Paulo foi um executivo de gravadora, viveu seu momento fonográfico de forma competente. Se ele quisesse poderia explicar aos ex colegas que não há porque ter medo da cópia, desde que... e isso é com ele.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

O Voo Das Baratas Tontas - Beni Borja faz as perguntas certas.


O colega Beni Borja mandou um email tão na mosca que me fez acordar de um sono profundo, porem tranquilo e vir até o teclado, depois de algumas vicissitudes de vivente.
Meus leitores por favor respondam as tres perguntas diretamente a ele e prometo publicar as conclusões.

Minhas tres respostas estão no final, pra não perder a graça.


Beni Borja , no beni@psicotronica.com.br

Thu, Apr 24, 2008 at 11:57 PM


O vôo das baratas tontas.




Caros,
Em meados de 2007 eu escrevi um despretenscioso textículo com o título "O natal de 2007 - A fronteira final" e me surpreendi com a sua repercussão.
O ACM "do bem" , Antonio Carlos Miguel, publicou-o no seu blog no Globo Online e uma série de outros blogs fizeram referência a ele.
Não era preciso ser nenhuma "Mãe Diná" para prever que o Natal de 2007 seria o canto do cisne da indústria musical como costumávamos conhecer.
É reconfortante verificar que o meu problema dos últimos anos - como sobreviver de música sem vender discos - finalmente ocupa a mente dos que dirigem as grandes corporações da indústria.
No exterior este começo de 2008 tem sido marcado por ações descordenadas das grandes gravadoras numa verdadeira revoada de baratas tontas.
Uma avalanche de novas iniciativas no meio digital - música por assinatura ,celular com música, música com mp3 player, música com propaganda, tentam convencer o ressabiado consumidor de música na internet a fazer negócio com uma indústria que até poucos meses atrás o tinha como inimigo declarado.
Na cirurgia plástica para dar uma cara "user-friendly" aos mercadores de fonogramas, a EMI deu um belo golpe ao contratar o CIO ( Chief-Information Officer) do Google Doug Merril para comandar suas ações digitais . O cara já está milionário, gosta de música e resolveu assumir o risco de mudar do mocinho para o bandido do capitalismo. O futuro dirá se ele vai conseguir fazer alguma coisa de útil, mas suas primeiras declarações foram muito interessantes.
Perguntado sobre como a sua experiência no Google poderia ser útil nesse conturbado cenário da industria musical , ele disse que a principal coisa que ele aprendeu no Google que iria servir nessa situação era "seguir os dados". A tese dele , que faz muito sentido, é que num ambiente de mudanças constantes de hábitos, como o da Internet, não há como precisar o que vai funcionar, todas as iniciativas partem de um mero palpite sobre o comportamento das pessoas, . Portanto é preciso experimentar de tudo e "seguir os dados" fornecidos pelos interação com o público, e ir aperfeiçoando constantemente os serviços oferecidos.
Realmente a capacidade de rapidíssima adaptação as demandas dos usuários é uma característica comum a todos os negócios que dão certo no mundo digital. Essa flexibilidade em função da demanda dos consumidores, foi tudo o que não aconteceu até agora por parte das gravadoras, que tentaram inutilmente adequar o consumidor ao seu modelo de negócio ao invés de se ajustar as expectativas do cliente.
Aproveito a deixa do Mr. Merril para aposentar meus poderes extra-sensoriais de vidência. Minha clarevidência micada me obriga a rever a minha profecia de que os Cds iriam sobreviver com preço baixo, dando meu braço à torcer, admito que provávelmente estavam certos os que previram a pura e simples extinção do disquinho prateado como produto comercial
Portanto reconheço que não tenho a menor idéia, e custo a crer que alguém tenha mais do que uma intuição, sobre qual modelo de comercialização de música digital vai cair no gosto dos consumidores.
Se tudo se encaminha para um desfecho ainda imprevisível lá nas bandas do Norte-maravilha, o que o destino reservará para nós da Brazucolândia? Nessa terra onde os infelizes varejistas de música digital ainda estão amarrados no formato-mico WMA com DRM ,incompatível com IPod, o que se pode esperar do futuro próximo?.
Se aqui a comercialização de música digital anda ,por enquanto, em passos de formiga, o outro vértice da mudança na música ,a mídia, anda no mesmo passo apressado de outros cantos mais "desenvolvidos" ( detesto esse termo).
A proliferação dessa nova e redentora instituição nacional: a "lan-house", permitiu que o tenebroso futuro de uma divisão digital da sociedade ,previsto por colegas futurólogos equivocados , não pasasse de uma ameaça tão fajuta como o "bug" do milênio. Jovens de todas as idades e níveis de renda tem indistintamente acesso a mensagens instantâneas e redes de relacionamento social. Por todo canto se vê gente de todo tipo com headphones no ouvido. A base instalada de banda larga cresce vertiginosamente, a penetração dos celulares é maciça, ou seja, a base instalada de futuros consumidores de música digital já está aí e eles já estão descobrindo música pela Internet todo dia.
Portanto sigo fiel a minha promessa de abandonar a futurologia, quando diviso nos horizontes de 2008 o início do começo de um novo modelo de negócio de música.
Os blogs como principal fonte de formação de opinião musical , os discos por download direto do artista, as redes de relacionamento como instrumento de agrupação de músicos , todas essas coisas estão acontecendo agora, não são mais visões de um futuro possível.
É difícil singrar pelos mares nunca dantes navegados dessa tempestade de informação, por isso escrevo esse email provocação esperando respostas.
Respostas sobre a experiência pessoal de vocês caros amigos no surfe dessa onda... O que dá certo? O que é perda de tempo? Quem faz diferença?
Prometo solenemente editar as respostas e dividir com todos , para que possamos aprender juntos.
um abraço,
Beni Borja

Minhas respostas: O que dá certo? Empatia e simpatia com o público, que definitivamente entra na equação. Seu negócio, artistas, é se comunicar com seu público, seja através de sua pessoa seja através de sua arte, sua música, que então precisa, necessariamente ser simpatica e empatica com o público, ressonante, vibrante. Os antigos hits de radio, que já sabemos irào sobreviver aos séculos, tem esta impressionante capacidade de *comunicar* independente da lingua, do estilo, do genero ou da personalidade do artista, tudo isto transcendeu e ficou só uma obra que fala aos ouvidos. Então, recapitulando, ou voce é um personagem que as pessoas querem para frequentar a vida delas ou voce é medium para uma música poderosa e comunicativa, que até nem precisa necessariamente de "voce" ou ambos, tudo junto. Exemplos? Tim Maia, João Gilberto, Mallu Magalhães, Siba e a Fuloresta, cada um à sua moda.
O que dá errado, o que é perda de tempo? Pode fazer a lista de todas as recomendações que já teve noticia. Tudo pode dar errado, até talento infinito e um charme mortal, não preciso dar exemplos. Mas definitivamente, esqueça o marketing publicado, praticado, estudado, como já tiveram de fazer outras industrias. Vender musicas não é uma questão de marketing para massas, mas de criar reputação pela competencia. Nessa hora o juizo do público é definitivo, a crítica empurra, a midia esclarece e o *espaço* desaparece, a música existe nos ouvidos. O que traz outra questão, onde está a grana? Onde sempre esteve. No bolso do seu público e não ponha freios na imaginação ao bolar esquemas de como ir buscar este dinheiro, mas por favor, esqueça quase tudo o que aprendeu sobre a industria: produção, distribuição, divulgação, enterre fundo, junto com a noticia de que o CD morreu. É, ... tempos interessantes...
Quem faz diferença? Bons parceiros, de todas as areas, produtores, vendedores de show, cenografos, assessores de imprensa, tanto faz, desde que sejam pragmaticos e que tragam soluções para resolver o que faz diferença: como juntar o artista e seu público.

Que bom que o assunto pede sua ação executiva: mexa-se.